segunda-feira, 7 de novembro de 2016

ALGUMAS BRINCADEIRAS DA REGIÃO NORTE

BOCA DE FORNO



Brincadeiras do Nordeste: Boca de forno. Foto: Danny Yin

Como brincar: A brincadeira é cantada em verso. O grupo escolhe quem será o mestre, responsável por propor os desafios para o grupo. A ordem pode ser encontrar um objeto de uma cor específica ou mesmo dar uma volta completa no quarteirão. O último a cumprir a prova leva um castigo. A turma decide a quantidade e a intensidade dos "bolos", que pode ser de pai, mãe, filho ou anjo - do mais forte ao mais fraco.
 
Diálogo
 
MESTRE - Boca de Forno.
CRIANÇAS - Forno!
MESTRE - Jacarandá.
CRIANÇAS - Já!
MESTRE - Quando eu mandar.
CRIANÇAS - Vou!
MESTRE - E se não for?
CRIANÇAS - Apanha!
PETECA (BOLINHAS DE GUDE)

Brincadeiras de Rondônia: Peteca ou Bolinhas de Gude. Foto: Danny Yin 

Como brincar: Primeiro, cava-se um buraquinho, conhecido como fossa e poça. Ao acertar a bolinha dentro do buraco, o participante ganha o direito de lançar sua peteca contra as dos adversários. As bolinhas "tecadas" (atingidas) são conquistadas. Se errar, a vez passa para o próximo, que vai precisar, da mesma forma, acertar a fossa antes de tentar "tecar" os adversários. O jogo acaba quando um participante tiver "alisado" o adversário, ou seja, conseguir ganhar todas as bolinhas.
 
Variações: Há várias outras versões da brincadeira. Uma delas tem um triângulo desenhado no chão. as petecas - ou bolinhas de gude, como são conhecidas em outras regiões do país - são espalhadas dentro dele e o objetivo é, ao atirar uma bolinha, tirar várias outras da área do triângulo sem deixar que a que foi lançada saia da área marcada. Já na modalidade brilho, monta-se uma linha reta de bolinhas. Quem acertar duas delas em uma mesma jogada ganha todas as que estão enfileiradas.

CAI NO POÇO

Brincadeiras de Rondônia: Caí no Poço. Foto: Danny Yin 

Como brincar: Como em um poço escuro, o participante é vendado para que não consiga ver quem vai tirá-lo de lá. Outra crianças ajuda a escolher o "bem" do colega, perguntando: "É esse?", enquanto aponta para os outros participantes, todos enfileirados. Após definir seu bem, quem está às cegas deve dizer o nome de uma fruta para decidir como será salvo: pera corresponde a um aperto de mãos; uva, a um abraço; maçã, a um beijo no rosto; e salada mista, à soma dos três anteriores.

Variações: Em alguns lugares brinca-se sem a alegoria do poço, começando pela pergunta "É esse?".
 
Parlenda:
 
Criança vendada: Caí no poço!
Outras crianças: Que altura:
Criança vendada: Do pescoço.
Outras crianças; Quem te tira?
Criança vendada: Meu bem!
Outras crianças: Pera, uva, maçã ou salada mista?

CINCO PEDRAS


Como brincar: As pedrinhas podem ser colhidas no próprio local. Há várias fases e ganha quem conseguir ir mais adiante nelas. Na primeira etapa, as cinco pedras são lançadas no chão. A pessoa escolhe uma delas e a joga para o alto. Com a mesma mão, pega uma das outras quatro que ficaram no solo e tenta recuperar a que está no ar sem deixá-la cair. Quem conseguir pegar todas vai para a próxima etapa, na qual tem de pegar duas pedras antes de segurar a que está no alto. Essa sequência segue até a quarta etapa, na qual o jogador deve recolher quatro peças. Na quinta, todas as pedras são colocadas de volta ao chão.
 
Variações: Cinco pedras, Cinco marias, jogo das pedrinhas, nente, belisca, capitão, liso, jogo do osso, onente, chocos, nécara, epotatá (que, em tupi, quer dizer "mão na pedra")... Os nomes do jogo mudam regionalmente, assim como as regras e a ordem das etapas.
 
Histórico: Acredita-se que o jogo tem origem na Grécia Antiga. Quando queriam consultar os deuses ou tirar a sorte, os homens jogavam ossinhos da pata de carneiro e observavam como eles caíam. Cada lado dos ossinhos tinha um nome e um valor - a resposta divina às perguntas humanas era interpretada com base na soma desses números, segundo o livro Giramundo e Outros Brinquedos e Brincadeiras dos Meninos do Brasil,Ed. Terceiro Nome. A autora, Renata Meirelles, comenta que, com o passar do tempo, os ossinhos foram substituídos por pedrinhas, sementes e mais recentemente por saquinhos de tecido recheados com areia ou grãos.

COELHO SAI DA TOCA


Como brincar: Em trios, duas crianças formam a toca e uma será o coelho. Para fazer a toca, a dupla junta as mãos no ar, formando uma casinha. Quem interpreta o coelho fica agachado entre elas, embaixo dos braços. Essa estrutura se repete com os demais participantes da brincadeira. Uma das crianças fica em pé entre as tocas e deve gritar: "Coelho sai da toca!". Ao fazer isso, os coelhos entocados precisam trocar de casinha. Já a criança que estava no meio deve tentar roubar a toca de alguém. Se conseguir, aquela que ficou sem toca é a que passa a gritar no centro do espaço. Ela também pode falar "Toca troca de lugar!". Nesse caso, são as tocas que devem trocar de coelho.

Variações: Em alguns lugares a toca é formada por um círculo desenhado com giz no chão ou por um aro ou bambolê. A dinâmica da brincadeira é a mesma, mas não há a possibilidade de a toca trocar de lugar.

CORRE CUTIA

Brincadeiras do Centro-Oeste: Corre Cotia. Foto: Danny Yin

Como brincar: Todos devem sentar no chão, formando um círculo. Uma das crianças corre do lado de fora da roda com um lenço ou bola na mão, ao ritmo da ciranda (veja letra abaixo). Ao fim da cantoria, a meninada que está sentada abaixa a cabeça e tapa os olhos com as mãos. Quem está correndo deixa cair o lenço ou bola atrás de um dos sentados. Este deve pegar o lenço e correr atrás de quem o deixou. O lugar vazio da roda é o pique. Quem perde, fica fora da roda e a brincadeira recomeça. Quem é pego tem de pagar uma prenda, definida pelo grupo.


Letra da música
 
Corre cutia
de noite e de dia
Comendo farinha
Na casa da tia
Corre cipó
Na casa da avó
Lencinho na mão
Caiu no chão
Moça (o) bonita (o) do meu coração
Criança: Posso jogar?
Roda: Pode!
Criança: Ninguém vai olhar?
Roda: Não!
É um, é dois e é três!


ELÁSTICO

Brincadeiras do Sul: Elástico. Foto: Danny Yin 

Como brincar: O principal acessório é uma tira de elástico grande (de cerca de 3 metros de comprimento), com um nó unindo as duas pontas, e três participantes. Dois ficam em pé, um de frente para o outro e distantes cerca de 2 metros. O elástico deve ficar ao redor das pernas deles, que precisam ficar abertas para segurá-lo esticado. Uma terceira pessoa deve pular dentro do retângulo formado pela tira e fazer desenhos e amarrações com as pernas. A primeira sequência é bem simples: a criança se posiciona ao lado do elástico e deve pular com os dois pés juntos para dentro dele.  Depois, pula novamente abrindo as pernas de modo que um pé caia para cada lado de fora do elástico. No terceiro movimento, ela deve fazer um giro de 180º, deixando as tiras se enrolarem em seus tornozelos. Por fim, deve pular para o lado externo do elástico enquanto gira o corpo para soltar-se da amarração. O elástico começa rente ao chão, mas à medida que a pessoa consegue fazer os movimentos corretamente, ele vai subindo. Então, quem conseguir pular mais alto ganha o jogo.


Variações: Os nomes mudam dependendo do movimento que se pede para fazer e da região do país: cebolinha, estrelinha, várias fases, laranjinha, castelinho, bigode, vassourinha, cruzada de Belém etc.
ESCONDE-ESCONDE
Brincadeiras do Sul: Esconde-esconde. Foto: Danny Yin 

Como brincar: Uma pessoa será o pegador, que terá de encontrar os demais participantes escondidos.  O pegador fica com os olhos cobertos e com o rosto voltado para um muro ou uma árvore contando enquanto os demais participantes da brincadeira se escondem. Quando chegar ao fim da contagem, ele deve encontrar um a um. Ao vê-los, precisa correr e encostar a mão no ponto de partida e falar "um, dois, três" e o nome da criança encontrada, que passa a ser pegadora. Se a criança escondida bater primeiro, pode continuar se escondendo na próxima rodada.

LARANJAS MADURAS
Laranjas maduras. Foto Danny Yin. Ilustrações Anna Cunha 

Como brincar: Em roda, o grupo gira enquanto canta. A cada volta, fala-se o nome de uma criança (substituindo Joãozinho), que deve se virar de costas para o centro do círculo, permanecendo de mãos dadas com os amigos. Depois que todos estiverem nessa posição, cantam "desvira todo mundo, esquerda janela". 
 
Ouça a música e acompanhe a letra:
"Verdes tão lindas laranjas maduras / Que cor são elas? / Elas são verde amarelas/ Vira "Joãozinho" (aqui entra o nome da criança que está na roda) esquerda janela."
PASSA-ANEL

Brincadeiras do Nordeste: Passa-anel. Foto: Danny Yin 

Como brincar: Com as duas palmas das mãos unidas, uma das crianças segura um anel. As demais ficam sentadas em um banco, uma ao lado da outra, com os braços estendidos e as mãos na mesma posição. A criança que está com o anel passa suas mãos por dentro das mãos das outras e deixa o objeto com um dos participantes, sem que os outros percebam. Depois de mostrar as mãos vazias, ela pergunta a alguém com quem está o anel. Se a pessoa acertar, vira o passador de anel. Se não, a brincadeira segue com o mesmo passador até que alguém acerte. Durante a atividade, pode-se cantar a música, abaixo.
 
Letra da música
 
Perdi meu anel no mar
Não pude mais encontrar
E o mar me trouxe a concha
De presente para me dar
Foi parar na goela da baleia
Ou então no dedo da sereia
Ou quem sabe um pescador
Encontrou o anel
E deu pro seu amor
 
PASSARÁS
Brincadeiras do Nordeste: Passarás. Foto: Danny Yin 

Como brincar: Antes de começar a brincadeira, duas crianças escolhem uma fruta de sua preferência (pera e maçã, por exemplo). Depois, ficam uma em frente à outra, com os braços levantados e as mãos juntas formando uma ponte. Por baixo delas, os demais participantes passam em fila, cantando. Quando a música termina, a dupla prende nos braços quem está passando naquele momento e pergunta baixinho, sem que os outros ouçam: "Você prefere pera ou maçã?" O participante escolhe e vai para trás de quem representa a fruta escolhida. No final, ganha aquele que tiver mais pessoas atrás de si, ou seja, a fruta preferida.
 
Letra da música 
 
Passarás, passarás
A bandeira há de ficar
Se não for o da frente
Pode ser o de atrás
Tenho dois filhos pequeninos
Não posso mais demorar
Demorar, demorar
Passarás, passarás
A bandeira há de ficar
Se não for o da frente
Pode ser o de atrás...
PEDRA, PAPEL E TESOURA
Pedra, papel e tesoura. Foto: Danny Yin 

Como brincar: Com as mãos para trás, duas crianças escolhem entre três símbolos: pedra (mão fechada), papel (mão aberta) e tesoura (dedos indicador e médio formando um "v"). Em seguida, ao mesmo tempo, cada um apresenta o que escolheu. Pedra vence tesoura, papel vence pedra e tesoura vence papel. Se ambas escolhem a mesma, há empate. 
 
Histórico: No livro Mãe da Rua, Ed. Cosac Naify, Ettore Bottini conta que a brincadeira tem origem chinesa. Também chamada de joquempô, ela se popularizou no Japão e veio para o Brasil com os imigrantes desse país. É muito usada para definir quem começa um jogo.
PERNA DE PAU
Brincadeiras do Amazonas: Perna de Pau. Foto: Danny Yin 

Como brincar: Pegar duas ripas ou cabos de vassoura e pregar em cada uma delas um pequeno taco que sirva de apoio para o pé. No início, é aconselhável ficar marchando no mesmo lugar por um tempo até adquirir equilíbrio e as pernas se acostumarem. Em caso de desequilíbrio, deve-se cair para a frente usando as mãos para amortecer a queda. Há quem consiga andar de ré e até pulando com um pé só. 
 
Histórico: No Amazonas, a brincadeira é de família, começa na infância e só para quando o corpo não aguentar mais. O primeiro brinquedo de uma criança costuma ser fabricado com uma lata de leite em pó amarrada a uma cordinha. Mais tarde, a lata é substituída pelo cabo de vassoura.
PIÃO

Como brincar: Enrolar o cordão no pião de madeira e lançar em direção ao chão. Ganha aquele que conseguir fazê-lo girar por mais tempo. Algumas crianças conseguem pegar o brinquedo e o manter girando na mão. Outros circulam o pião ainda em movimento para que ele corra ao longo do próprio cordão (nesse caso, quanto mais distante do chão, melhor).

PIPA


Como brincar: Um dia ensolarado, bom vento e um espaço aberto bem longe de postes e fios é a combinação perfeita para empinar pipa. Para que ela suba bastante, é preciso deixá-la contra o vento, soltando a linha sempre que necessário. Às vezes é preciso pedir ajuda a um amigo que toma distância e mantém a pipa levantada. Quando o ajudante percebe que o vento está propício faz um sinal para que o empinador puxe e movimente a linha para que a pipa permaneça no ar. A pipa que ficar por mais tempo no céu ganha. mas, atenção: não vale usar cerol.

Variações: A pipa recebe outros nomes, como papagaio, raia e peixinho, e também tem formatos variados. Em alguns lugares a rabada também é chamada de rabiola ou rabo.
PULA CORDA
Brincadeiras do Nordeste: Pular corda. Foto: Danny Yin 

Como brincar: É possível brincar sozinho, em dupla ou em grupo. Se estiver em dupla, amarre uma das pontas da corda em algum lugar, assim um participante pode bater para que o outro pule. Quando o grupo é maior, duas pessoas batem para que os demais brinquem. Alguns conseguem pular junto com outra pessoa ou com duas cordas ao mesmo tempo. Enquanto aguardam, os demais contam ou cantam as músicas com as instruções sobre como se deve pular. Ganha quem conseguir pular mais vezes com os pés juntos sem errar e sem pisar na corda.
 
Variações: Existem várias músicas e técnicas para pular corda. Uma das canções bastante presentes no Brasil é "Um homem bateu em minha porta e eu abri / Senhoras e senhores: ponham a mão no chão! / Senhoras e senhores: pulem em um pé só! / Senhoras e senhores: deem uma rodadinha! / E vá pro olho da rua!" A cada frase, quem está pulando tem de fazer o que a música propõe e, ao final, deve sair da corda sem tropeçar.
QUEIMADA


Como brincar: Formar dois grupos com o mesmo número de integrantes. Caso sobre alguém, o time com a pessoa a menos ganha uma vida. O objetivo da queimada é lançar a bola e "queimar" (atingir) um integrante do outro time. Para isso, é preciso que a bola o atinja direto e caia no chão depois de tocá-lo. O participante queimado vai para o morto, ou cemitério, espaço atrás do campo oponente. A morte, porém, não significa a saída do jogo. Os vivos podem lançar a bola sobre a área adversária para que os mortos a arremessem. Vence quem mandar todos os adversários para o cemitério.
TREM DE FERRO

Brincadeiras do Nordeste: Trem maluco. Foto: Danny Yin 

Como brincar: Em duplas, as crianças cantam e brincam com as mãos fazendo movimentos sequenciais e sincronizados. A cada verso, uma mão vai para baixo, enquanto a outra vai para cima. Depois, as mãos estendidas para frente batem nas palmas do colega e, finalmente, bate-se as palmas. Quanto mais rápido cantar e fizer os gestos, melhor. Se errar, pode parar e recomeçar.

Letra da música
 
O trem de ferro
Quando sai de Pernambuco
Vai fazendo vuco-vuco
Até chegar no Ceará


Rebola bola
Você diz que dá e dá
Você diz que dá na bola
Mas na bola, cê não dá

 
Rebola pai, mãe, filha (põe a mão na cintura e rebola)
Eu também sou da família
Também quero rebolar

Um pouquinho de coca-cola (dedão de cada mão na direção da boca)
Um pouquinho de guaraná


Minha mãe me pôs na escola
Pra aprender o bê-a-bá

A danada da professora
Me ensinou a namorar

 
Sete e sete são catorze
Com mais sete, 21
Tenho sete namorados
Não me caso com nenhum
Só me caso com aquele
Que me der um jerimum
Mum-mum (dá uma batidinha na cabeça do colega)

VIVO-MORTO

Como brincar: A criança escolhida para comandar a brincadeira fica de frente para as demais, todas em pé. É ela que vai dizer se os outros participantes devem ficar em posição de vivo (em pé) ou de morto (agachado). Ao gritar "morto", todas as outras crianças devem abaixar imediatamente, e ao falar "vivo", elas devem se levantar. Quem errar sai. Aquele que conduz pode dizer a mesma palavra duas ou mais vezes seguidas e depois mudar repentinamente, para enganar o resto da turma. A última criança vence e assume o lugar do chefe.

Variações: Também é chamado de morto-vivo, duro ou mole e senta-levanta.

Fonte: http://acervo.novaescola.org.br
 











































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