A mais extraordinária manifestação de criatividade artística do povo
paraense foi criada pelos índios Tupinambá que, segundo os
historiadores, eram dotados de um senso artístico invulgar, chegando a
ser considerados, nas tribos, como verdadeiros semi deuses.
Inicialmente, segundo tudo indica, a "Dança do Carimbó" era
apresentada num andamento monótono, como acontece com a grande maioria
das danças indígenas. Quando os escravos africanos tomaram contato com
essa manifestação artística dos Tupinambá começaram a aperfeiçoar a
dança, iniciando pelo andamento que , de monótono, passou a vibrar como
uma espécie de variante do batuque africano. Por isso contagiava até
mesmo os colonizadores portugueses que, pelo interesse de conseguir
mão-de-obra para os mais diversos trabalhos, não somente estimulavam
essas manifestações, como também, excepcionalmente, faziam questão de
participar, acrescentando traços da expressão corporal característica
das danças portuguesas.
Não é à toa que a "Dança do Carimbó" apresenta,
em certas passagens, alguns movimentos das danças folclóricas lusitanas,
como os dedos castanholando na marcação certa do ritmo agitado e
absorvente.
COREOGRAFIA
A dança é apresentada em pares. Começa com
duas fileiras de homens e mulheres com a frente voltada para o centro.
Quando a música inicia os homens vão em direção às mulheres, diante das
quais batem palmas como uma espécie de convite para a dança.
Imediatamente os pares se formam, girando continuamente em torno de si
mesmo, ao mesmo tempo formando um grande círculo que gira em sentido
contrário ao ponteiro do relógio. Nesta parte observa-se a influência
indígena, quando os dançarinos fazem alguns movimentos com o corpo
curvado para frente, sempre puxando-o com um pé na frente, marcando
acentuadamente o ritmo vibrante.
As mulheres, cheias de encantos, costumam tirar graça com seus
companheiros segurando a barra da saia, esperando o momento em que os
seus cavalheiros estejam distraídos para atirar-lhes no rosto esta parte
da indumentária feminina. O fato sempre provoca gritos e gargalhadas
nos outros dançadores. O cavalheiro que é vaiado pelos seus próprios
companheiros é forçado a abandonar o local da dança.
Em determinado momento da "dança do carimbó" vai para o centro um
casal de dançadores para a execução da famosa dança do peru, ou "Peru de
Atalaia", onde o cavalheiro é forçado a apanhar, apenas com a boca, um
lenço que sua companheira estende no chão. Caso o cavalheiro não consiga
executar tal proeza sua companheira atira- lhe a barra da saia no rosto
e, debaixo de vaias dos demais, ele é forçado a abandonar a dança. Caso
consiga é aplaudido.
INDUMENTÁRIA
Todos os dançarinos apresentam-se descalços.
As mulheres usam saias coloridas, muito franzidas e amplas, blusas de
cor lisa, pulseiras e colares de sementes grandes. Os cabelos são
ornamentados com ramos de rosas ou jasmim de Santo Antônio. Os homens
apresentam-se com calças de mescla azul clara e camisas do mesmo tom,
com as pontas amarradas na altura do umbigo, além de um lenço vermelho
no pescoço.
DENOMINAÇÃO
A denominação da "Dança do Carimbó" vem do
titulo dado pelos indígenas aos dois tambores de dimensões diferentes
que servem para o acompanhamento básico do ritmo.
Na língua indígena "Carimbó" - Curi (Pau) e Mbó ( Oco ou furado),
significa pau que produz som. Em alguns lugares do interior do Pará
continua o título original de "Dança do Curimbó". Mais recentemente ,
entretanto, a dança ficou nacionalmente conhecida como "Dança do
Carimbó", sem qualquer possibilidade de transformação.
INSTRUMENTOS TÍPICOS
O acompanhamento da dança tem,
obrigatoriamente, dois "carimbos" (tambores) com dimensões diferentes
para se conseguir contraste sonoro, com os tocadores sentados sobre os
troncos, utilizando as mãos à guisa de baquetas, com os quais executam o
ritmo adequado. Outro tocador, com dois paus, executa outros
instrumentos obrigatórios, como o ganzá, o reco-reco, o banjo, a flauta,
os maracás, afochê e os pandeiros. Esses instrumentos compõem o
conjunto musical característico, sem a utilização de instrumentos
eletrônicos.
Fonte: www.cdpara.pa.gov.br › Cultura › Folclore › Danças Folclóricas
Fonte: www.cdpara.pa.gov.br › Cultura › Folclore › Danças Folclóricas
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