A mais famosa dança folclórica do município de Cametá é uma das
manifestações coreográficas mais belas do Pará. Do ponto de vista
musical é uma variante do batuque africano, com alterações sofridas
através dos tempos, que a enriqueceram de maneira extraordinária.
Contam os estudiosos que os negros escravos iam para o trabalho na
lavoura quase sem alimento algum. Só tinham descanso no final da tarde,
quando podiam caçar e pescar. Como a escuridão dificultava a caça na
floresta, os negros iam para as praias tentar capturar alguns peixes. A
quantidade de peixe, entretanto, não era suficiente para satisfazer a
fome de todos.
Certa tarde, entretanto, como se fora um verdadeiro milagre,
surgiram na praia centenas de siris que se deixavam pescar com a maior
facilidade, saciando a fome dos escravos. Como esse fato passou a se
repetir todas as tardes, os negros tiveram a ideia de criar uma dança em
homenagem ao fato extraordinário. Já que chamavam cafezá para plantação
de café, arrozá para plantação de arroz, canaviá para a plantação de
cana, passaram a chamar de siriá, para o local onde todas as tardes
encontravam os siris com que preparavam seu alimento diário.
COREOGRAFIA
Com um ritmo que representa uma variante do
batuque africano, a "dança do siriá" começa com um andamento lento. Aos
poucos, à medida que os versos vão se desenvolvendo, a velocidade
cresce, atingindo ao final um ritmo quase frenético. A "dança do siriá"
apresenta uma rica coreografia que obedece às indicações dos versos
cantados sendo que, no refrão, os pares fazem volteios com o corpo
curvado para os dois lados.
Observa-se,
na movimentação coreográfica, os detalhes próprios das três raças que
deram origem ao povo paraense: o ritmo, como variante do batuque
africano; a expressão corporal recurvada em certos momentos,
característica das danças indígenas; e o movimento dos braços para cima,
como acontece na maioria das danças folclóricas portuguesas.
ACOMPANHAMENTO MUSICAL
Tal como a "dança do carimbó", os
instrumentos típicos utilizados são dois tambores de dimensões
diferentes: para os sons mais agudos (tambor mais estreito e menor) e
para os sons graves (tambor mais grosso e maior). Os passos são animados
ainda por ganzá, reco-reco, banjo, flauta, pauzinhos, maracá e o canto
puxado por dois cantadores.
INDUMENTÁRIA
Também chamada pelos estudiosos como "a dança
do amor idílico", a "dança do siriá" apresenta os dançarinos com trajes
enfeitados, bastante coloridos. As mulheres usam belas blusas de renda
branca, saias bem rodadas e amplas, pulseiras e colares de contas e
sementes, além de enfeites floridos na cabeça. Já os homens, também
descalços como as mulheres, vestem calças escuras e camisas coloridas
com as pontas das fraldas amarradas na frente. Eles usam ainda um
pequeno chapéu de palha enfeitado com flores que as damas retiram, em
certos momentos, para demonstrar alegria, fazendo volteios.
Fonte: www.cdpara.pa.gov.br › Cultura › Folclore › Danças Folclóricas
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