A Educação Física surgiu concomitantemente com o surgimento do homem sobre a Terra. Quando o homem sentiu a necessidade de lutar, conquistar, fugir e caçar para sobreviver começou também a procura pela melhoria de sua condição para executar estas tarefas. Mesmo sem saber, estava praticando uma educação física, natural e utilitária. Assim, com esta prática realiza os movimentos corporais mais básicos e naturais desde que se colocou em pé: nadar, correr, trepar, empurrar, saltar, arremessar e puxar.
Desde a pré-história a Educação Física vem sendo influenciada pela sociedade. Nessa época as atividades físicas ficaram restritas a defender-se e atacar. A luta pela sobrevivência levou a movimentos naturais. O homem primitivo deslocava-se de um lugar para outro a procura de alimentos, marchando, subindo em árvores, escalando penhascos, nadando, saltando e lançando as suas diferentes armas de arremesso. Pela repetição contínua desses movimentos corporais, na luta pela sobrevivência, aperfeiçoava as funções, educando-as gradativa e inconscientemente.
Para desenvolver estudos sobre a época, os pesquisadores se baseavam em todos os tipos de objetos, como pedras trabalhadas ou rudimentares, fósseis de animais e de humanos, pinturas rupestres, monumentos e, um pouco mais tarde, objetos e monumentos de bronze e ferro, câmaras mortuárias, estradas, dentre outros.
Porém, todo esse contexto é algo natural e cotidiano. E, como Educação Física propriamente dita, os primeiros registros tardaram a aparecer. Em cada sociedade a Educação Física apresentava focos diferentes de interesse e utilização.
Na China a Educação Física era praticada em caráter de guerra, além da finalidade terapêutica e higiênica.
Na Índia, a Educação Física era vista como uma doutrina a ser seguida, de foco fisiológico e com indispensáveis necessidades militares. Foi onde teve origem a Yoga e exercícios ginásticos aprofundados da medicina com técnicas de respiração e massoterapia. Buda atribuía aos exercícios o caminho da energia física, pureza dos sentimentos, bondade e conhecimento das ciências para a suprema felicidade do Nirvana, (no budismo, estado de ausência total de sofrimento).
No Japão, a Educação Física possuía fundamentos médicos, higiênicos, filosóficos, morais, religiosos e guerreiros. Os samurais são um exemplo de guerreiros feudais originados da pratica da Educação Física no Japão.
Já no Egito, os exercícios Gímnicos formaram a ginástica egípcia dotada de equilíbrio, força, flexibilidade e resistência. A existência da ginástica egípcia foi revelada em pinturas nas paredes de tumbas.
Mas foi na Grécia que encontramos a civilização antiga que mais contribuiu para a Educação Física. Na Grécia que surgiram os grandes pensadores que contribuíram com vários conceitos, até hoje aceitos pela Educação Física e pela pedagogia. Grandes artistas, pensadores e filósofos como Sócrates, Hipócrates, Platão e Aristóteles criaram conceitos como o de equilíbrio entre corpo e espírito ou mente, citados por Platão. Também nasceram na Grécia os termos halteres, atleta, ginástica, pentatlo, entre outros.
Após a tomada militar da Grécia, Roma absorveu a cultura desta civilização, porém a Educação Física se caracterizou pelo espírito prático e utilitário, tendo assim uma visão voltada para a preparação dos soldados e da população para a guerra. Foi no período romano que surgiu a famosa frase “Mens sana in Corpore Sano”.
A Idade Média foi marcada pelo impacto do Cristianismo, repleta de ascentismo. Considerada como “a Idade das Trevas”, o culto ao corpo era considerado pecado e com isso, houve uma grande decadência da Educação Física. Os exercícios Físicos ficaram retidos em torneios muito sangrentos. Mesmo com isso, estudantes continuavam a seguir as teorias de Aristóteles, enriquecendo o patrimônio dos conhecimentos. Nesta época floresceu a arte gótica, surgiram as primeiras universidades, e com elas personalidades geniais como Santo Tomás de Aquino.
No Renascimento, a Educação Física deu um salto em busca do seu próprio conhecimento. O período da renascença fez explodir novamente a cultura física. A admiração e dedicação pela beleza do corpo, antes proibida, agora renasce com grandes artistas como Leonardo da Vinci (1432-1519). A escultura de estátuas e a dissecação de cadáveres fizeram surgir a anatomia, grande passo para a Educação Física e a Medicina. A introdução da Educação Física na escola, no mesmo nível das disciplinas tidas como intelectuais, se deve nesse período a Vittorino da Feltre (1378-1466) que, em 1423, fundou a escola “La Casa Giocosa” onde o conteúdo programático incluía os exercícios físicos.
Provável autorretrato de Leonardo da Vinci, cerca de 1512 a 1515
O Iluminismo na Inglaterra era contra o abuso do poder no campo social. Esse período trouxe novas ideias e, como destaque nessa época, temos dois grandes nomes: Rousseau e Pestalozzi. Rousseau propôs a Educação Física como necessária à educação física infantil, introduzida nas escolas. Pestalozzi foi o primeiro educador a chamar a atenção para dois elementos fundamentais na prática dos exercícios, a posição e a execução perfeita, sem os quais os praticantes não conseguiriam os objetivos visados.
O marco da idade contemporânea teve como principal tema o surgimento da ginástica localizada, onde tiveram como responsáveis quatro grandes escolas: a alemã, a nórdica (escandinava), a francesa e a inglesa.
Deste período podemos citar grandes personalidades de destaque. Na escola alemã como pai da ginástica pedagógica moderna Johann Cristoph Friederick Guts Muths, notável pedagogo. O fundador e fomentador da ginástica sócio-patriótica foi Friedercik Ludwing Jahn, cujo fundamento era a força. Seu lema era “vive quem é forte”. Foi ele quem inventou a Barra fixa, as barras paralelas e o cavalo, dando origem à Ginástica Olímpica.
Johann Christoph Friedrich GutsMuths
Friedrich Ludwig Jahn
Atleta treina no cavalo com alças em 1936, em Berlim
Ginástica Alemã
Já na Escola Escandinava ou Nórdica, o grande destaque foi o sueco Per Henrik Ling, que teve de lutar com energia e tenacidade ao procurar estabelecer ramos científicos aos exercícios físicos, levando para a Suécia as ideias de Guts Muths. A ginástica sueca foi o grande trampolim para tudo o que se conhece como ginástica atualmente. Ling dividiu sua ginástica em quatro partes: a pedagogia – voltada para a saúde evitando vícios posturais e doenças, a militar – incluindo o tiro e a esgrima, a médica – baseada na pedagogia, evitando também as doenças e visando ainda a estética – preocupada com a graça do corpo.
Per Henrik Ling
Escolas de Ginásticas Sueca
Na Escola Francesa temos como elemento principal o espanhol naturalizado Francisco Amorós y Ondeano. Ele dividiu a ginástica em civil e industrial, militar, médica e cênica. O método conhecido como ginástica natural teve um francês como seu defensor. Georges Herbert (1875-1957) defendia que a Educação Física deveria preconizar os movimentos naturais do ser humano, ou seja: correr, trepar, nadar, saltar, empurrar, puxar, dentre outros.
Já a Escola Inglesa baseava-se nos jogos e nos esportes. Seu defensor era Thomas Arnold, quem recriou os jogos olímpicos. A escola inglesa também teve uma enorme influência no treinamento militar.
Escola Inglesa de Ginástica
Com a propagação das ideias pelo mundo destas quatro grandes escolas, a Educação Física passou a ser mais estudada, organizada e reconhecida. Ela conquistou seu espaço, ganhou cunho científico e tornou-se indispensável na vida das pessoas, desde as crianças menores até as pessoas mais idosas.
Desta forma, é possível perceber que a Educação Física passou por profundas modificações. Todos os processos de evolução estão interligados à história do mundo. É impossível separar história, sociedade e política dos movimentos proporcionados pela classe defensora da Educação Física. Esses aspectos – história, sociedade, política e os movimentos proporcionados pelos educadores físicos - sustentam e formam a base do contexto atual da Educação Física Mundial.
A evolução da história da Educação Física passou por várias fases; algumas positivas e outras negativas. Estas fases construíram o conceito que a educação física possui atualmente, ocupando a posição de destaque que a mesma possui na sociedade. E as fases que virão, tornarão a prática da educação física, seja ela escolar ou não, mais profissional e mais difundida, com objetivos cada vez mais definidos e específicos, pois com a regulamentação da profissão em 1998, o acesso à Educação Física está sendo defendida e proporcionada em escala maior para toda a população, independente de classe social, idade, condição física, cor, religião, opção sexual ou alguma deficiência física, motora ou mental.
Referências bibliográficas
COSTA, M. G. Ginástica localizada. 2ª Ed., Rio de Janeiro. Ed. Sprint, 1998.
DACOSTA, L. (org.) Atlas do Esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2005.
GODOY, Lauret. Os jogos olímpicos na Grécia antiga. São Paulo: Nova Alexandria, 1996.
PEREIRA, M. M; MOULIN, A. F. V. Educação Física para o Profissional Provisionado. Brasília: CREF7, 2006.
RAMOS, Jair Jordão. Exercícios físicos na história a na arte. São Paulo: Ibrasa, 1983
SILVA, N.P. Atletismo. 2ª Ed. São Paulo: Ed. Cia Brasil, 1998.
STEINHILBER, J. Profissional de Educação Física Existe? Rio de Janeiro: Ed. Sprint: 1996.
Fonte: http://www.efdeportes.com/efd145/o-processo-historico-da-educacao-fisica
Nenhum comentário:
Postar um comentário