sexta-feira, 11 de novembro de 2016

JOGOS DOS POVOS INDÍGENAS

 

          Sempre que pensamos em um tipo de competição desportiva, pensamos em Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e até em algum que o nosso país participa muito pouco, como as Olimpíadas de Inverno. Porém, nunca imaginamos os Jogos dos Povos Indígenas.

          Organizado pelo Comitê Intertribal Indígena, com apoio do Ministério dos Esportes, os Jogos dos Povos Indígenas têm o seguinte mote: “O importante não é competir, e sim, celebrar”. A proposta é recente, já que a primeira edição dos jogos ocorreu em 1996, e tem como objetivo a integração das diferentes tribos, assim como o resgate e a celebração dessas culturas tradicionais. A edição dos Jogos de 2003, por exemplo, teve a participação de sessenta etnias, dentre elas os Kaiowá, Guarani, Bororo, Pataxó e Yanomami. A última edição ocorreu em 2009 e foi a décima vez em que o torneio foi realizado. A periodicidade dos Jogos é anual, com exceção do intervalo ocorrido em 1997, 1998, 2006 e 2008 quando não houve edições.

          É interessante notar que as sedes dos Jogos são sempre em locais afastados das grandes cidades, contrariando a lógica dos torneios desportivos, mas extremamente coerente com a proposta indígena: em 1996 foi em Goiânia (GO); em 1999 em Guaía (PR); em 2000 em Marabá (PA); em 2001 no Pantanal (MS); em 2002 em Marapanim (PA); em 2003 em Palmas (TO); em 2004 em Porto Seguro (BA); em 2005 em Fortaleza (CE); em 2007 em Olinda (PE); em 2009 em Paragominas (PA).

 

JOGOS DE INTEGRAÇÃO

Os Jogos de Integração são esportes tradicionais praticados pela maioria dos povos indígenas brasileiros.

- ARCO E FLECHA

 

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          Os povos indígenas usavam muito esse instrumento como arma de guerra. Atualmente, é usado para a caça, pesca e rituais, e tornou-se também uma prática esportiva, sendo disputada entre aldeias e até com não-indígenas. Na maioria das tribos indígenas brasileiras, o arco é feito do caule de uma palmeira chamada tucum, de cor escura, muito encontrada próxima aos rios. Mas existem algumas exceções: podem ser usados o aratazeiro, o pau-ferro, o ipê-amarelo e a aruerinha.

          O tamanho do arco varia de acordo com o uso que se fará do arco e com o costume da tribo. A flecha é feita de bambu, com variações nas pontas. Na primeira edição dos jogos, a organização forneceu o equipamento para todos os participantes, fato que impediu bons rendimentos nessa prova. Porém, nas outras edições dos Jogos, permitiu-se que os índios utilizassem o seu próprio equipamento. Cada delegação pode inscrever dois participantes diferentes, cada um com direito a três tiros. O alvo se localiza a uma distância de 30 metros e é marcado pelo desenho de um peixe.

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- CABO DE FORÇA

          Modalidade praticada para medir a força física, o cabo de guerra é muito aceito entre as etnias participantes de todas as edições dos Jogos, como atrativo emocionante, que arranca manifestação da torcida indígena e do público em geral. Permite a demonstração do conjunto de força física e técnica, que cada equipe possui. É uma das provas mais esperadas pelos atletas, pois muitas equipes treinam intensamente em suas aldeias, puxando grandes troncos de árvores. Isso porque, para os indígenas a força física é de suma importância, dando o caráter de destaque e reconhecimento entre todos. Na preparação de seus guerreiros, os índios sempre procuraram meios de desenvolver e medir a coragem e os limites de sua capacidade na força física. É realizada desde os I Jogos por atletas, com a participação de homens e mulheres.

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- CANOAGEM

A canoa é o meio de transporte mais tradicionalmente utilizado pelas tribos indígenas, porém o tipo de canoa e o material utilizado para sua fabricação é bastante variável. Desde o início dos Jogos, para organizar a competição dessa modalidade houve grande preocupação, pois cada etnia possui tecnologia própria para a fabricação de sua canoas, feitas artesanalmente, mas sem obedecer a um padrão exato de tamanho e peso. O problema foi resolvido escolhendo-se as canoas dos Rikbatsa, norte de Mato Grosso, exímios canoeiros. Suas canoas, que ofereciam condições de aceitação pela maioria dos povos participantes nos jogos, foram adotadas e aprovadas para as competições, sendo sorteadas entre os participantes. Portanto, a partir dos III Jogos, os competidores passaram a usar canoas de fabricação tradicional rústica, feitas em madeira pelos índios Rikbatsa. Cada delegação deve enviar dois atletas. A prova é realizada em dupla e sempre em águas abertas.

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NATAÇÃO

Esse esporte foi introduzido desde o I Jogos em Goiânia, em 1996. Haveria duas modalidades: a realizada na piscina para testar a velocidade dos atletas indígenas, e uma mais longa, de resistência, realizada em águas abertas. No entanto, a prova em piscina não obedecia aos objetivos do evento, sendo realizada mais uma vez no II Jogos, na cidade Guairá-PR, em 1999. Atualmente, a prova de meia distância e resistência, é realizada em águas abertas que está dentro do contexto indígena, e é praticada por atletas femininos e masculinos. São travessias de rios ou lagos em trechos de 500 a no máximo 800 metros. Vence aquele que cruzar primeiro o marco de chegada.

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- CORRIDA COM TORA

Os povos indígenas valorizam bastante a força física. Entre as etnias, essa modalidade tem diferentes finalidades e é praticada em rituais e festas. O objetivo é completar duas voltas na pista da arena, carregando uma tora, que pode pesar até 120 quilos. As equipes são compostas por dez atletas e três reservas.O grupo que completar primeiro o percurso fica classificado para a próxima etapa, até chegar à equipe vencedora.

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ARREMESSO DE LANÇA

O Arremesso de Lança é uma prova individual realizada apenas pelos homens. Nos Jogos, a contagem dos pontos é feita de acordo com a distância alcançada, ou seja, vence aquele que atingir maior distância. O atleta precisa ter técnica corporal para conseguir impulso. As lanças são fabricadas de maneira tradicional, com madeira rústica. Cada atleta pode realizar três arremessos.

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- ATLETISMO (CORRIDA DE 100 METROS)

Em uma pista de cem metros os atletas correm lado a lado após o sinal de largada. Nessa modalidade, o condicionamento físico e estratégia são fundamentais. Vence aquele que conseguir cruzar primeiro a linha de chegada.

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CORRIDA DE FUNDO

Modalidade em que as diferenças entre os povos é celebrada, pois todos os atletas participantes correm ao mesmo tempo. O objetivo é percorrer um trajeto de cinco mil metros. As mulheres largam quinze minutos antes dos homens. Muitos indígenas preferem fazer as provas descalços. Vence aquele que atravessar primeiro a linha de chegada.

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JOGOS DE DEMONSTRAÇÃO

Os jogos têm o caráter de demonstração e são particulares de cada povo, praticados e disputados por integrantes da própria etnia. O objetivo é incentivar o resgate às práticas tradicionais.

- XIKUNAHATY

Esse é um esporte tradicional, que já era praticado bem antes do contato com não-indígenas. É um jogo muito parecido com o futebol, mas no lugar dos pés, a cabeça conduz uma bola feita da seiva de mangabeira. Na arena, duas equipes de oito ou mais integrantes têm como objetivo arremessar a bola para o campo oposto. De acordo com as regras, se a bola não for rebatida por uma das equipes, a outra soma pontos. Ganha o que pontuar mais no final da partida, que dura 40 minutos. É realizada em campo de terra batida, para que a bola ganhe impulso. O tamanho do campo é semelhante ao de futebol, e conta com uma linha demarcatória ao centro, que delimita o espaço de cada equipe.

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RÕNKRÃ

Jogo coletivo tradicional praticado pelo povo Kayapó do Estado do Pará. Jogado em um campo de tamanho semelhante ao do futebol. Se desenvolve entre duas equipes de 10 ou mais atletas de cada lado, onde todos usam uma espécie de borduna (bastão), cujo objetivo é rebater uma pequena bola (coco), que ao ultrapassar a linha de fundo de seu oponente, marca um ponto. De acordo com informações dos Kayapós, esse esporte já não estava mais sendo praticado devido a sua violência, que causava graves contusões nos competidores.

 

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AKÔ

Essa é uma modalidade muito parecida com o revezamento quatro por quatrocentos do atletismo. É um esporte que exige muita velocidade e preparo físico dos participantes. As equipes são formadas por quatro integrantes, dois deles correm em círculo, passando uma vareta de bambu de mão em mão.O objetivo é que cada atleta percorra cerca de cem metros até que o percurso seja concluído.

 

KAIPY

          A habilidade de uso do arco e da flecha é muito valorizada entre os povos indígenas. Precisão e foco são fundamentais para o uso dessa ferramenta de caça e defesa. Nessa modalidade, o objetivo é atingir um alvo fixo ao chão, mas, antes disso, a flecha deve ser impulsionada por folhas de buriti, posicionadas próximo ao alvo, que funcionam como molas. O vencedor é o que consegue acertar o caule da folha com mais precisão e fazer com que a flecha retome a direção até o alvo.

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          Nessa modalidade é usada uma flecha em que a ponta é substituída por uma proteção de palha ou coco. Em um campo aberto, disputam duas equipes formadas por 15 ou mais atletas. No centro do campo, um participante de cada equipe provoca um adversário. O objetivo é flechar o oponente.Ao ser atingido o atleta deixa o campo, até que reste apenas o vencedor.

 

PEIKRÃN (peteca)

Jogo tradicional e coletivo em que é  usada uma peteca feita de palha de milho pelos próprios atletas. Dispostos em círculo, os jogadores arremessam a peteca com a palma da mão. O objetivo é manter a peteca no ar passando de um atleta para o outro. Se um participante deixa a peteca cair, ele é perseguido pelos outros até que seja alcançado, para que o jogo recomece.

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ZARABATANA

É uma prova individual onde o participante se posiciona a 20 ou 30 metros do alvo – normalmente uma melancia pendurada em um tripé. O objetivo é atingir o alvo o maior número de vezes. A zarabatana é uma arma artesanal parecida com um cano de aproximadamente 2,5 metros de comprimento. No orifício do cano (de madeira) se introduz uma pequena seta de 15 centímetros. Os índios usam bastante a zarabatana para caçar aves já que ela é silenciosa e precisa.

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LUTA CORPORAL

As lutas corporais são realizadas por homens e mulheres e o esporte está inserido na cultura tradicional dos povos que o praticam. Esse esporte foi inserido nos Jogos desde a primeira edição, como apresentação. O desejo de se realizar uma competição de lutas corporais nos Jogos é grande, mas é muito improvável devido à grande diversidade de estilos de luta e técnica. Algumas etnias lutam em pé, outras ajoelhadas no chão, como o Huka Huka. Por isso, fazem-se apenas demonstrações das lutas existentes na cultura indígena brasileira.

1. AIPENKUIT: Praticado pelo povo Gavião Kyikatêjê (homens) do estado do Pará.
2. HUKA-HUKA: Praticado pelos povos xinguanos (homens e mulheres).
3. IWO: Praticado pelo povo Xavante, do estado de Mato Grosso.
4. IDJASSÚ: Praticado pelo povo Karajá, da Ilha do Bananal.

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JAWARI

Disputa praticada em um rito que acontece entre alguns povos indígenas. Antes do jogo começar, uma etnia convida a outra oferecendo bebida e alimentos. São disputas em dupla, realizadas por etnias diferentes. Cada competidor se posiciona a cerca de seis metros um do outro. O objetivo é atirar dardos no adversário procurando atingí-los  da cintura para baixo. Os jogadores se protegem, se esquivando ou se escondendo atrás de um feixe de varas. Também para proteger os atletas, as pontas dos dardos são cobertas por bolas de cera.

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MODALIDADE OCIDENTAL

O esporte mais popular do mundo, o futebol, também é apreciado pelos indígenas, que vão se apresentam nas categorias feminina e masculina.

FUTEBOL

Na cultura de algumas etnias, a modalidade é adaptada e recebe novas regras, como o katulaiwa, em que a bola é chutada com os joelhos. Nos jogos, as regras utilizadas são as mesmas da confederação brasileira de futebol. A única diferença é o tempo da partida. São 40 minutos para a masculina e 30 minutos para a feminina. A equipe vencedora da partida é classificada para a próxima etapa até a decisão final.

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http://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/jogos-dos-povos-indigenas.htm

www.brasil.com.br

http://www.ebc.com.br/esportes/2015/10/conheca-modalidades-esportivas-dos-jogos-mundiais-indigenas

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